O projeto tem foco na mitigação e adaptação e propõe o uso de soluções baseadas na natureza para a região sul de Curitiba

Júlia Mendes · 20 de junho de 2025

Voltado para a adaptação às mudanças climáticas, a conservação de ecossistemas e ao fortalecimento de políticas públicas ambientais, o projeto Observatório Climático do Alto Iguaçu, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), foi um dos selecionados para executar uma ação socioambiental estratégica no Paraná, com apoio do Programa Petrobras Socioambiental. No dia 28 de maio, a Refinaria Presidente Vargas (Repar) sediou um evento de assinatura simbólica deste e de outros projetos selecionados por meio do Programa.

O projeto Observatório Climático do Alto Iguaçu será desenvolvido na região sul de Curitiba e em parte do município de Araucária, no estado do Paraná. Com foco na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, a iniciativa propõe o uso de soluções baseadas na natureza, como a conservação de áreas remanescentes da Floresta com Araucária e de várzeas localizadas ao longo dos rios Barigui, Iguaçu e seus afluentes.

Segundo Clóvis Borges, diretor executivo da SPVS, a proteção da biodiversidade é parte de qualquer negócio e que uma área natural produz serviços ecossistêmicos capazes de mitigar os efeitos da intensificação das mudanças climáticas. “Conservar a natureza é amparar a viabilidade dos negócios e promover qualidade de vida”, disse.

A proposta prevê, entre outras ações, o mapeamento e o monitoramento de indicadores ambientais e socioeconômicos, a formação e capacitação de gestores públicos e de jovens lideranças locais em temas ligados à crise climática, e a estruturação de uma rede integrada de atores locais. O objetivo é apoiar a formulação de políticas públicas que valorizem os serviços ecossistêmicos providos pelas áreas naturais nos espaços urbanos, construam soluções baseadas na natureza (Adaptação baseada em Ecossistemas – AbE) e contribuam para o desenvolvimento de cidades mais resilientes, promovendo os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. O projeto contará com investimento de R$ 4,2 milhões nos próximos três anos.

De acordo com a SPVS, a abordagem do projeto reconhece que as áreas naturais remanescentes em regiões urbanas e periurbanas têm papel estratégico na regulação climática, na segurança hídrica e na qualidade de vida da população.

Rafael Sezerban, coordenador do projeto, destacou que “a capacitação de jovens, lideranças locais e poder público é necessária para o fortalecimento de políticas públicas que promovam a conservação das áreas naturais e garantam a resiliência e melhor qualidade de vida”.

Proteção dos manguezais do litoral paranaense
Outro projeto conduzido pela SPVS, chamado de “Entre Mangues e Caranguejos”, foi contemplado por meio do Programa Floresta Viva, financiado pela Petrobras junto com o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), mas gerido e monitorado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).

Ele será implementado na Reserva Natural Papagaio-de-Cara-Roxa, uma das três Reservas Naturais mantidas pela SPVS, localizada no município de Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná. A iniciativa tem como eixo principal a restauração de áreas degradadas por antigas atividades de criação de búfalos em áreas de manguezal, promovendo a regeneração da vegetação nativa e a recuperação de funções ecológicas vitais. Para execução das atividades, a SPVS conta com o apoio financeiro da iniciativa Floresta Viva, pelo Edital Manguezais do Brasil, gerido pelo FUNBIO, com recursos destinados pela Petrobras e BNDES.

Além da restauração ecológica, contempla ações de educação ambiental, monitoramento da fauna, engajamento comunitário e fortalecimento de políticas públicas voltadas à conservação dos ecossistemas costeiros.

A região abriga espécies ameaçadas, como o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), e comunidades tradicionais que dependem diretamente dos recursos naturais para sua subsistência. O projeto busca, portanto, conciliar conservação ambiental e inclusão social em um dos territórios mais sensíveis do litoral paranaense. A iniciativa contará com um investimento de R$ 2,8 milhões nos próximos quatro anos.

Fonte: oeco.org.br.

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