Fiasco Diplomático na COP‑30: Quando o Brasil Virou Manchete Pelos Motivos Errados

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP‑30) ainda nem começou oficialmente, mas já se tornou alvo de uma crise diplomática sem precedentes. Prevista para ocorrer em Belém (PA), a cúpula do clima mais importante do planeta está sendo marcada por polêmicas logísticas, protestos internacionais e uma onda de críticas que ameaça o sucesso do evento — e, mais preocupante ainda, a imagem do Brasil no cenário ambiental global.

O que deu errado?

O epicentro do problema é a falta de infraestrutura hoteleira em Belém para acomodar os cerca de 40 mil participantes esperados. Com uma oferta de apenas 18 mil leitos, a cidade viu os preços dispararem em um mercado inflacionado por especulação. Diárias de hotéis chegaram a custar até 400% acima do limite de subsistência estipulado pela ONU, que é de US$ 144 por dia. A reação internacional não demorou.

Delegações de países em desenvolvimento, como o Panamá, denunciaram formalmente à ONU as condições “inaceitáveis” de hospedagem. O vice-presidente do Bureau da COP, Juan Carlos Monterrey Gómez, foi direto ao classificar a organização brasileira como uma “insanidade” e um “insulto” às nações mais pobres. O caso foi parar numa reunião de emergência da UNFCCC (a convenção do clima da ONU), que considerou até mesmo uma troca de sede — algo raríssimo na história das COPs.

Resposta do Brasil: soluções ou paliativos?

Diante do caos, o governo brasileiro tentou mostrar jogo de cintura. Sugeriu alternativas como o uso de navios cruzeiros como “hotéis flutuantes”, incentivos à hospedagem solidária e flexibilização das exigências mínimas de reserva. Mas as críticas não cessaram.

Quando a ONU propôs um subsídio de US$ 100 por dia às delegações afetadas, o governo brasileiro respondeu que esse valor deveria vir da própria organização — uma resposta que soou como descaso para muitos diplomatas.

Muito além dos hotéis: o abalo político

A controvérsia não se limita à logística. Movimentos socioambientais e representantes indígenas criticaram o tom da carta inaugural da COP‑30, que evita menções diretas aos combustíveis fósseis — um dos principais vetores da crise climática. Para completar, os Estados Unidos, sob nova administração conservadora, anunciaram que não enviarão uma delegação oficial, enfraquecendo ainda mais o prestígio diplomático do evento.

No conjunto, a COP‑30 corre o risco de se transformar num símbolo daquilo que deveria combater: desigualdade, exclusão e falta de compromisso com a ação climática global.

Desmatamentos

Pará teve o maior desmatamento do Brasil no acumulado dos últimos cinco anos, entre 2019 e 2024. Os dados foram divulgados no Relatório Anual do Desmatamento (RAD), divulgado nesta quinta-feira (15 de maio 2025) pela rede MapBiomas. Entenda na TVT News.

E agora?

A COP‑30 ainda tem a chance de se reinventar — mas o tempo é curto. Mais do que medidas pontuais, será necessário um esforço coordenado entre governo federal, organizações internacionais e sociedade civil para garantir que o evento cumpra seu propósito: ser uma plataforma de construção de soluções globais para a crise climática.

Se falhar, o Brasil não apenas perderá uma oportunidade histórica — mas também poderá comprometer seu papel como líder ambiental no século XXI.

Estamos de olho.

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