Calor Extremo já matou mais de 1.000 pessoas na Europa em dois meses.

Especialistas pedem mais prevenção; moradores tentam se adaptar à nova realidade dos verões extremos

A grande maioria das pessoas que morreram tinham mais de 65 anos e mais da metade eram mulheres, segundo os dados citados.

Por Ana Ribeiro | Jornal de Madri Popular
Madri, 16 de julho de 2025

As temperaturas sufocantes que tomaram conta da Espanha desde o fim de maio já deixaram um rastro trágico: 1.180 mortes causadas diretamente pelas ondas de calor, segundo dados oficiais do Instituto de Saúde Carlos III.

Nas ruas de Madri, o calor chega a ser insuportável. “É como abrir o forno e entrar dentro”, descreve a aposentada Josefina Ramos, de 78 anos, moradora do bairro Lavapiés. Ela relata que evita sair de casa durante o dia e só vai ao mercado bem cedo. “Nunca vi um calor assim na minha vida.”

Regiões mais afetadas
Os dados mostram que Madri, Andaluzia e Castela-Mancha estão entre as regiões mais atingidas. As mortes são causadas principalmente por insolação, desidratação e agravamento de doenças respiratórias e cardíacas.

Hospitais e centros de saúde estão lotados. “Temos atendido muitos casos de exaustão térmica, principalmente em pessoas idosas e trabalhadores da construção civil”, afirma o médico clínico Dr. Javier Muñoz, do Hospital Universitário Gregorio Marañón.

Medidas de emergência
O governo lançou nesta semana um plano de emergência com a instalação de centros de resfriamento em escolas, bibliotecas e centros comunitários, além da distribuição de água em locais públicos.

“Ninguém deveria morrer de calor em pleno século XXI. Mas para isso, todos precisam colaborar: proteger os mais frágeis, evitar exercícios físicos nas horas de pico e manter-se hidratado”, reforça a ministra da Saúde, Carmen Álvarez, em coletiva realizada na segunda-feira.

“Verões como este serão cada vez mais comuns”
De acordo com a Agência Estatal de Meteorologia (AEMET), este é o terceiro verão seguido com temperaturas recordes — e o pior ainda pode estar por vir. “O planeta está aquecendo, e a Península Ibérica é uma das áreas mais vulneráveis”, alerta María del Campo, meteorologista chefe da AEMET.

O governo espanhol também anunciou que pedirá apoio da União Europeia para reforçar medidas de adaptação climática, especialmente em áreas rurais e em bairros com pouca arborização.

Moradores se reinventam
Enquanto o poder público tenta responder, a população improvisa. No bairro de Vallecas, por exemplo, vizinhos criaram um “clube do frescor”: colocam ventiladores, toalhas molhadas e distribuem sucos naturais entre os idosos da rua.

“É uma forma de cuidar uns dos outros. Estamos todos no mesmo barco”, diz Luís Herrera, um dos organizadores da iniciativa.

DICAS PARA SE PROTEGER DO CALOR EXTREMO:

Beba água constantemente, mesmo sem sentir sede

Evite sair entre 12h e 18h

Use roupas leves e de cores claras

Nunca deixe crianças ou idosos sozinhos em carros

Aproveite lugares com ar-condicionado, como shoppings e bibliotecas

Esteja atento a familiares e vizinhos vulneráveis

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